30/06/2020 08h15min - Geral
4 anos atrás

Em junho, contágio foi 10 vezes maior do que no mês anterior

contágio foi 10 vezes maior

Divulgação ► Coronavirus esta chegando ao seu pico no estado

Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Portal do MS


Cidades com os maiores números da pandemia em Mato Grosso do Sul, Campo Grande e Dourados tiveram um aumento de quase 10 vezes no total de casos em junho, em relação ao que registravam no dia 31 de maio. Conforme o boletim epidemiológico, as cidades passaram de 279 e 293 casos para 2.028 e 2.487, respectivamente, em um mês.

Em meio ao aumento de casos, autoridades pedem para que os cuidados sejam redobrados. O mês de junho foi um divisor de águas em relação à pandemia no Estado. Enquanto nos três meses anteriores a população local viu de longe o problema, nestes últimos 30 dias a população viu um aumento expressivo de casos, levando a doença a atingir quase todos os municípios sul-mato-grossenses.

Nesta segunda-feira (29), o Estado contabilizava 7.676 casos confirmados da Covid-19 e 75 mortes, enquanto no fim de maio eram 1.489 episódios e 20 óbitos. Entre os casos, 32,4% são de Dourados, com 2.487 episódios; outros 26,4% são da Capital (2.028). Juntas, as cidades são responsáveis por quase 60% dos casos de todo o Estado.

Nesse período, Campo Grande teve um crescimento de 626,8% em relação ao período anterior, já a cidade do interior apresentou taxa ainda maior, 748,8%. Para especialistas,

esses dados devem ser ainda maiores em julho, período em que a pandemia deverá atingir seu ápice no Estado.

“Julho vai ser pior do que junho, porque as cidades não tomaram medidas de distanciamento. Os casos estão seguindo um padrão onde essas medidas não são colocadas, e, em vez de endurecer, há várias medidas de flexibilização, principalmente em Campo Grande, que resultam no aumento de casos. A maioria dos municípios apresenta um crescimento constante, então a tendência é de que esse cenário piore”, declarou o médico infectologista Júlio Croda.

ALERTA

Pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e professor na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Croda avalia que em julho deverá começar a faltar vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Estado, o que poderá “obrigar” alguns municípios, principalmente os maiores, a decretar lockdown.

“Goiás já está sugerindo lockdown de 15 dias, Mato Grosso está indo pelo mesmo caminho, assim como o Distrito Federal. E Mato Grosso do Sul será forçado a instituir medidas por falta de leitos de UTI e isso deve ocorrer já no mês de julho. Estamos em curva exponencial, e a tendência é de ter mais óbitos, mais casos e mais utilização de leitos, e se manter essa velocidade não vai ter mais leitos para a população”, avalia o pesquisador.

O secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, também acredita em um mês ainda mais complicado. Para ele, o pico de casos deverá ser atingido em 15 dias. “Os próximos dias serão cruciais e a população deve manter o isolamento e redobrar os cuidados com a higiene. Devemos chegar ao cume aqui e torcemos para que o número de casos não leve à necessidade de leitos, para que não haja o colapso da rede de saúde”.

“Torço para isso não acontecer, mas, se continuar tendo esses ‘ingredientes’, de isolamento social baixo, pessoas sem máscara e uma certa debilidade de alguns municípios na imposição da quarentena, isso [colapso] pode acontecer”, completou Resende.

O secretário afirmou ainda que, como a partir de hoje os municípios poderão contar com uma nova ferramenta para definir seus passos – se fecham ainda mais ou se flexibilizar, o chamado Prosseguir –, ele espera que seja mais fácil a adoção de medidas.

“Há municípios que nós entendemos que já passaram da hora de tomar decisões mais duras. Rio Brilhante e Rochedo entendemos que tomaram as medidas mais adequadas para preservar a vida de seus moradores, assim como foi feito em Brasilândia e Guia Lopes”, afirmou.

SITUAÇÃO CRÍTICA

Conforme o pesquisador, Dourados já deveria estar em lockdown e o próximo município a adotar esse sistema deveria ser a Capital. “Os dados claramente mostram que Campo Grande, além de estar neste momento em uma velocidade maior, também recebe pacientes de outros municípios. E Dourados está muito perto de sua capacidade máxima [conforme informações obtidas pela reportagem, o município já atingia 87% de ocupação dos leitos disponíveis]”.

Dados do boletim divulgado ontem mostram que o Estado tem 169 casos confirmados de Covid-19 internados em leitos daqui, além de dois sul-mato-grossenses que ocupam leitos de outras unidades federativas. Entre essas vagas, 86 eram leitos clínicos e 85 de UTI, e a maioria dos internados está na rede pública (57 clínicos e 52 em UTI).