► Daniel diz que não acredita que o torcedor mereça uma punição severa
Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação
Marcos Uchoa: Daniel, acho que você não podia imaginar que aquele teu gesto pudesse ter a repercussão que teve, né? Hoje, no jornal, a Serena Willians, grande tenista americana, comentando que se necessita muita coragem para fazer o que o Daniel Alves fez. Você imaginava que a repercussão fosse mundial?
Daniel Alves: Quando eu cobrei, caiu aqui na minha frente e o meu gesto foi pegar e comer. Mas sem pensar no que aquele gesto ia causar. Tentando dar uma resposta inteligente a um ataque e acabou tendo essa repercussão toda.
A campanha contra o racismo começou logo depois do jogo, quando Neymar publicou na internet uma foto com uma banana. E embaixo dela a hashtag: #somostodosmacacos.
Uma hashtag é mais do que um rótulo de uma foto. É um comando. É um movimento que quer começar.
#somostodosmacacos se espalhou. No boca a boca. Como um vírus. Viralizou. Em poucas horas, milhares de pessoas, tinham sido contaminadas.
“Todo mundo entrou nesta onda porque gente, somos todos macacos, por favor. E não me venha com ‘chorumelas’”, diz a atriz Luana Piovani.
“Sobre o racismo, a premissa de que somos iguais. E somos mesmo, independente da cor da pele, é uma máxima que não dá para se discutir”, afirma o apresentador Luciano Huck.
“Somostodosmacacos” tinha mesmo tudo para ser um fenômeno, segundo Jonah Berger, que escreveu um livro sobre como as coisas se espalham pela internet. “As pessoas compartilham quando a ideia faz bem para a imagem delas. A coisa legal da campanha #somostodosmacacos é que é algo em que todo mundo acredita”, analisa Jonah Berger.
Na televisão, a causa da banana ganhou espaço. E só depois se descobriu que havia algo por trás.
Antes mesmo de Daniel Alves comer a banana, uma agência de propaganda já tinha criado a frase "somostodosmacacos" a pedido de Neymar.
“Quando aconteceu com ele no campo do Espanhol a gente conversou em fazer uma campanha para ir contra o racismo. Mas a gente não esperava que essa situação fosse acontecer outra vez. Que fossem no estádio com uma banana para jogar em alguém”, conta Daniel Alves.
“Todo mundo comprou a briga. E não deixa de ser uma campanha positiva porque a gente não aguenta mais essa história de preconceito. Então poderia ser uma coisa só muito legal”, diz a atriz Luana Piovanni.
“Se eles tiveram ou não ajuda para esta reação, a mim não incomoda nem um pouco. A gente vê o mundo inteiro discutindo isso. Jogadores do mundo todo. Pessoas do mundo inteiro falando sobre isso”, afirma Fátima Bernardes.
“Eu acho que hoje o acesso à internet está muito, muito grande. Qualquer coisa que se publique na internet, gera uma especulação, gera um debate. Porque não utilizar para fazer algo diferente e criar uma conscientização de que somos todos humanos, somos todos iguais e que vivemos no século XIX e isso não teria mais que existir”, afirma o jogador Daniel Alves.