02/07/2015 10h57min - Geral
10 anos atrás

Câmara 'varrida' pela corrupção tem que servir de exemplo, diz presidente

Câmara 'varrida'

Balta ► dito espera que cassação sirva de exemplo para a Casa

Odilo Balta / jornalcorreiodosul@terra.com.br
Fonte: Assessoria de Comunicação


A total recomposição na Câmara Municipal, com a cassação dos últimos cinco dos 13 vereadores titulares eleitos em 2012, deve servir de exemplo para uma mudança total de postura por parte dos vereadores de Naviraí. A análise é do atual presidente da casa, Benedito Missias de Oliveira, o Dito (PSD). Em sessão extraordinária na noite de terça-feira (30), foram cassados Odair Gallo (PDT), José Roberto Alves (PMDB), Moacir Aparecido de Andrade (PTdoB), Jaime Dutra (PT) e Mário Gomes (PTdoB) – somente este último usou parte do tempo a que tinha direito para se defender. Outros seis já haviam punidos por comissões processantes com a perda dos cargos – o ex-presidente, Cicinho (PT), Carlos Alberto Sanches (SD), Adriano José Silvério (SD), Vanderlei Chagas (PSD) e Elias Alves (PSDB) – e, com as renúncias de Solange Mello (PSDB) e Marcus Miranda (PMN), as 13 cadeiras da Câmara local trocaram de dono. A derrocada da legislatura eleita em 2012 começou em outubro do ano passado, quando foi à tona a Operação Atenas, deflagrada pela Polícia Federal e MPE (Ministério Público Estadual) ainda em 2013. As investigações levantaram provas sobre um esquema de corrupção envolvendo extorsão e outros crimes contra os cofres públicos. Outro comportamento Dito diz esperar um “comportamento totalmente diferente” dos vereadores, já que o caso da Operação Atenas “tem que servir de exemplo”. O recado serve, também, aos colegas que pretendem a reeleição em 2016, avisa o presidente: “temos que mudar a postura”. Um dos sinais de que havia algo errado na Câmara de Naviraí, diz Dito, é que ele achou R$ 53 no caixa quando assumiu a casa, em outubro de 2014. Já em dezembro, lembra, foi possível devolver R$ 140 mil do duodécimo à Prefeitura e, atualmente, o saldo bancário do Legislativo está em torno dos R$ 900 mil – “ainda temos umas continhas para pagar, mas estamos lutando para que continue assim”, pondera o presidente. E, agora, com olhos mais atentos por parte da sociedade. “Temos o portal da transparência, que todo mundo tem acesso. E também estamos sendo mais cobrados nas ruas”, emenda Dito. Compra de votos A análise do vereador é que o esquema de corrupção na Câmara de Naviraí começou ainda antes das eleições, com compra de votos e distribuição de terrenos em troca de apoio nas urnas. Segundo Dito, o ex-presidente, Cicinho, era chefe do Núcleo de Habitação do município e “teve esta oportunidade, teve esta vantagem” de usar o cargo para doar áreas de forma a viabilizar sua eleição, e “quem se acertava com ele também podia trabalhar nesse sentido”. Na visão de Dito, a maioria dos eleitos em 2012 beneficiou-se e práticas ilegais, trocando principalmente promessas por votos – “se compra o voto, a pessoa vota se quiser, já recebeu mesmo por isso; mas, a promessa deixa a pessoa amarrada, ela apoia porque espera alcançar um resultado”. “Tem defeito os políticos, tem defeito os eleitores”, pontua o vereador, dizendo que muitos colegas assumiram os cargos eletivos sem terem histórico de trabalhos prestados à cidade. Nova composição Além do novo presidente, agora compõem a Câmara de Naviraí os vereadores Junior (PT), Márcio Araguaia (PSDC), Donizete Nogueira (PSDB), Alexandre Goodman (PSDB), Dr. Klein (PDT), Fi da Paiol (PTdoB), Gil do Táxi (PMDB), Deoclecio Zeni (PSDB), Josias (PT), Bolacha do Raio X (PSD), Dr. Manoel (PTdoB) e Professor Marcio (PMDB), conforme os dados disponibilizados pela casa. Dito diz esperar continuar na presidência – o parlamentar mais velho, Deoclecio, tentou o posto, mas a interpretação foi de que o cargo não estava vago quando ele assumiu. “Acreditamos em um acordo”, diz o segundo vereador mais com mais idade na casa. Conforme o portal da transparência da Câmara local, cada um dos vereadores tem direito a salário de R$ 7.596,60 mensais. A verba indenizatória varia de R$ 6 mil, para o presidente, a R$ 4 mil para o primeiro-secretário da mesa diretora e R$ 2,5 mil aos demais. midiamax